quarta-feira, 27 de março de 2013

CONSIDERAÇÕES SOBRE A NOTA DO CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA A RESPEITO DO ABORTO



"Dom João Carlos Petrini da comissão Episcopal Pastoral para a Vida e a Família, faz considerações importantes em relação à nota do Conselho Federal de Medicina, divulgado após o primeiro encontro Nacional dos Conselhos de Medicina sobre o aborto". 

         
Segue a Nota:
Causou surpresa à sociedade brasileira a decisão tomada pelo Conselho Federal de Medicina, durante o I Encontro Nacional dos Conselhos de Medicina, favorável à interrupção da gravidez até a 12ª semana, como prevê a proposta do novo Código Penal, em discussão no Senado Federal. As imediatas reações contrárias a esse posicionamento demonstram a preocupação dos que defendem a vida humana desde sua concepção até a morte natural. Merece, por isso, algumas considerações.

O drama vivido pela mulher por causa de uma gravidez indesejada ou por circunstâncias que lhe dificultam sustentar a gravidez pode levá-la ao desespero e à dolorosa decisão de abortar. No entanto, é um equívoco pensar que o aborto seja a solução. 
Nossa civilização foi construída apostando não na morte, mas na vitória sobre a morte. Por isso a Igreja criou hospitais, leprosários, casas para acolher deficientes físicos e psíquicos. Recorde-se, em época recente, a figura das Bem-aventuradas Madre Teresa de Calcutá e Irmã Dulce dos pobres, bem como os milhares de pessoas que, quotidianamente, se dedicam a defender e promover a vida humana e sua dignidade. 
As constituições dos principais países ocidentais apresentam uma perspectiva claramente favorável à vida. A Constituição Federal do Brasil, em seu artigo 1º, afirma que a República Federativa do Brasil tem como um de seus fundamentos a dignidade da pessoa humana. E, no seu artigo 5º, garante a inviolabilidade do direito à vida.
Ajuda a evitar o aborto a implantação de políticas públicas que criem formas de amparo às mulheres grávidas nas mais variadas situações de vulnerabilidade e de alto risco, de tal modo que cada mulher, mesmo em situações de grande fragilidade, possa dar à luz seu bebê. Esta solução é a melhor tanto para a criança, que tem sua vida preservada, quanto para a mulher, que fica realizada quando consegue ter condições para levar a gravidez até o fim, evitando o drama e o trauma do aborto.
O Conselho Federal de Medicina ao se manifestar favorável ao aborto até 12 semanas parece não ter levado em consideração todos os fatores que entram em jogo nas situações que se pretendem enfrentar. Sua decisão, que não contou com a unanimidade dos Conselhos Regionais, deixa uma mensagem inequívoca: quando alguém atrapalha, pode ser eliminado.
Para justificar sua posição, o CFM evoca a autonomia da mulher e do médico, ignorando completamente a criança em gestação. Esta não é um amontoado de células sem maior significado, mas um ser humano com uma identidade biológica bem definida; com um código genético próprio, diferente do DNA da mãe. Amparado no ventre materno, o nascituro não constitui um pedaço do corpo de sua genitora, mas é um ser humano vivo com sua individualidade. A esse respeito convergem declarações de geneticistas e biomédicos.

Todos esses fatores precisam ser considerados no complexo debate sobre o aborto, reconhecendo os direitos do nascituro, dentre os quais o direito inviolável à vida que vem em primeiro lugar.
Que os legisladores sejam capazes de considerar melhor todos os aspectos da questão em pauta e que seja possível um diálogo efetivo, com abertura para alargar o uso da razão. O uso apropriado da mesma não descartaria nenhum fator, reconhecendo os direitos do nascituro, o primeiro deles, o direito inviolável à vida. Deste modo, será possível legislar em favor do verdadeiro bem das mulheres e dos nascituros, e se consolidará o Estado democrático, republicano e laico, que tanto desejamos.
+ João Carlos Petrini
Bispo de Camaçari-BA
Presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Vida e a Família/CNBB

terça-feira, 19 de março de 2013

Campanha da Fraternidade


A equipe de coordenação regional da Campanha da Fraternidade se reuniu neste sábado, dia 16, com representantes das sub-regiões pastorais para um encontro de avaliação e planejamento das atividades ocorridas no Estado.
O encontro contou com uma pequena reflexão sobre o atual momento da Igreja, após a renúncia do papa Bento XVI até o anuncio do papa Francisco I. A análise desses dias de expectativas e plena euforia vivenciados pela comunidade católica mundial foi realizada pelo padre Antonio Carlos Frizzo, assessor da CF Regional, que realçou “que o momento de crise no corpo institucional do catolicismo mundial acena futuras e importantes mudanças”, destacou.
Em seguida, os representantes das sub-regiões apresentaram o desenvolvimento da CF 2013 em suas localidades. O destaque nos relatórios apresentados ficou por conta do protagonismo dos jovens nas mais variadas frentes de atividades idealizadas e coordenadas pelos jovens. Nos mais variados temas abordados durante a Campanha.
Entre 17 a 19 de maio próximo vai ocorrer o Encontro de Avaliação da CF-2013, em Itaici. A equipe definiu que no encontro de avaliação serão apresentadas experiências significativas relacionadas ao protagonismo da juventude em três eixos: Juventude missionária, mídias sociais e politicas públicas, considerando os pressupostos das oficinas realizadas no encontro de formação em outubro do ano passado.
Participaram do encontro representantes das sub-regiões SP I, SP II, Sorocaba, Campinas, Botucatu, RP I e RP II. A sub-região de Aparecida não enviou representantes.
O Monsenhor José Lorusso, a Caritas Diocesana e a Pascom, acolheram o encontro nas dependências da Igreja Sagrado Coração de Jesus em Botucatu.“Agradecemos a Paroquia Sagrado Coração de Jesus pelo apoio com a infraestrutura e pelo carinho recebido de seus paroquianos”, disse, parabenizando a todos, o secretário estadual da CF, Toninho Evangelista.

Agenda sobre a CF
Maio (17,18 e 19), Avaliação da CF 2013 (Itaici).
Agosto (23 e 24), Seminário Nacional
Agosto (31), Encontro da Equipe Regional (Botucatu)
Outubro (25,26 e 27), Encontro de Formação CF 2014 (Itaici)

Pela Equipe de Coordenação Regional

quarta-feira, 13 de março de 2013

HABEMUS PAPAM

          Com surpresa e alegria acolhi a notícia de que o conclave havia terminado e que já tínhamos um novo Papa. Naturalmente que minha torcida estava pelos brasileiros que lá estavam, mas rendo Graças ao Espirito Santificador por esta escolha e pela aceitação do Cardeal Argentino Dom Jorge Mario Bergoglio.
Considerando que ele não aparecia nas analises dos vaticanistas e o seu perfil, acredito este ter sido mais um sinal do Deus vivo que caminha na história com o seu povo, e que age por meios dos homens, mulheres... e “Francisco” que caminham e que constroem o seu Reino. Na América Latina esta luta ter sido por justiça social.
O Cardeal Jorge Mario Bergoglio escolher ser chamado de Francisco I nesta sua missão me encheu de orgulho e esperança, pois este simbolismo retrata o que ainda esta por vir, ou seja, um momento Novo, onde se observa a necessidade de muitos Franciscos para atuar no mundo moderno. seja Bem Vindo Papa Francisco I
Fraterno Abraço

sexta-feira, 8 de março de 2013

QUASE...


   Ainda pior que a convicção do não e a incerteza do talvez é a desilusão de um quase.
         É o quase que me incomoda, que me entristece, que me mata trazendo tudo que poderia ter sido e não foi.
         Quem quase ganhou ainda joga, quem quase passou ainda estuda, quem quase morreu está vivo, quem quase amou não amou.
         Basta pensar nas oportunidades que escaparam pelos dedos, nas chances que se perdem por medo, nas ideias que nunca sairão do papel por essa maldita mania de viver no outono.
         Pergunto-me, às vezes, o que nos leva a escolher uma vida morna; ou melhor, não me pergunto, contesto. A resposta eu sei de cor, está estampada na distância e frieza dos sorrisos, na frouxidão dos abraços, na indiferença dos "Bom dia", quase que sussurrados. Sobra covardia e falta coragem até pra ser feliz.
A paixão queima, o amor enlouquece, o desejo trai.
Talvez esses fossem bons motivos para decidir entre a alegria e a dor, sentir o nada, mas não são. Se a virtude estivesse mesmo no meio termo, o mar não teria ondas, os dias seriam nublados e o arco-íris em tons de cinza.
O nada não ilumina, não inspira, não aflige nem acalma, apenas amplia o vazio que cada um traz dentro de si.
Não é que fé mova montanhas, nem que todas as estrelas estejam ao alcance, para as coisas que não podem ser mudadas resta-nos somente paciência porém, preferir a derrota prévia à dúvida da vitória é desperdiçar a oportunidade de merecer.
         Pros erros há perdão; pros fracassos, chance; pros amores impossíveis, tempo.
         De nada adianta cercar um coração vazio ou economizar alma. Um romance cujo fim é instantâneo ou indolor não é romance.
         Não deixe que a saudade sufoque, que a rotina acomode, que o medo impeça de tentar.
         Desconfie do destino e acredite em você. Gaste mais horas realizando que sonhando, fazendo que planejando, vivendo que esperando porque, embora quem quase morre esteja vivo, quem quase vive já morreu.

(Autoria atribuída a Luís Fernando Veríssimo, mas que ele mesmo diz ser de Sarah Westphal Batista da Silva, em sua coluna do dia 31 de março de 2005 do jornal O Globo)

sábado, 2 de março de 2013

BENTO XVI, BISPO EMÉRITO!


Nosso amado Papa Bento XVI renunciou; agora, é Bispo emérito de Roma! Após seu histórico gesto de renúncia, marcado por grandeza de alma, humildade, fé, esperança e imenso amor à Igreja, choveram indagações, especulações, do que estaria por trás da atitude do Papa ao renunciar. Não faltaram inclusive, calúnias, intrigas, de tradicionais inimigos da Igreja. Ao anunciar sua renuncia, o Papa foi claro e preciso, dizendo: “Após ter examinado perante Deus reiteradamente minha consciência, cheguei à certeza de que, pela idade avançada, já não tenho forças para exercer adequadamente o ministério petrino”.
Ao contrário de muita gente, não me surpreendi, como bispo emérito que sou com a atitude de Bento XVI, pois há 50 anos atrás, o decreto Christus Dominus, do Vaticano II, promulgado no dia 28 de outubro de l965, pedia, “ com empenho,aos bispos apresentassem sua renúncia à Autoridade competente em caso de idade avançada” (C.D.21).
O Papa Paulo VI, no “motu próprio” denominado “Ecclesiae Sanctae, regulamentou esta recomendação do Concílio fixando a idade de 75 anos para a renúncia dos Bispos. Esta matéria está claramente legislada no cânon 401 do Código de Direito Canônico, sendo que, no cânon 332, se prevê também a possibilidade de renúncia do Papa. O Papa, Bispo de Roma, não foi porém incluído na fixação dos 75 anos para a renúncia. Os Cardeais o foram, conservando-se contudo aptos para participar do conclave eletivo do Papa até os 80 anos de idade, motivo pelo qual Dom Cláudio Hummes e Dom Geraldo M. Agnelo, Bispos eméritos, com menos de 80 anos participam da eleição do Papa. As razões alegadas por Bento XVI para sua renúncia são claramente as indicadas pelo Concílio há 50 anos atrás!
A Igreja, Mãe e Mestra, na longa história do papado, reconhece que somente Celestino V renunciou. Ele era monge e ficou no governo da Igreja somente cinco meses, renunciando já bastante idoso, no ano l294, por se sentir incapaz para o cargo. Dante Alighieri o colocou no inferno pela renuncia e a Igreja o declarou santo!
Acredito que a generosa, profética, atitude do Papa Bento, agora bispo emérito de Roma, aprofundará o estudo sobre as questões práticas que envolvem os EMÉRITOS, abrangendo todos os ministros ordenados, do Papa ao Diácono. A Conferência dos Bispos do Brasil já avançou muito no campo dos Bispos eméritos, tendo inclusive, constituído no dia 19 de outubro de 2012 uma Comissão Especial para os Bispos Eméritos. O Papa Bento, em seu ato oficial de renúncia, afirma que “ no mundo de hoje, sujeito a rápidas transformações e sacudido por questões de grave relevo para a vida da fé, para conduzir a barca de São Pedro e anunciar o Evangelho, é necessário também o vigor tanto do corpo como do espírito, vigor que nos últimos meses, diminuiu em mim...”
Firmada em Jesus Mestre, Caminho, Verdade, Vida, iluminada pelo Espírito Santo, a Igreja não deve ter medo de lançar redes em mares mais profundos, de efetuar reformas que vão, desde o veemente apelo à conversão pessoal, à santidade de vida, às mais urgentes mudanças em muitas de suas estruturas em todos os níveis. O Santo Padre João Paulo II, em se tratando de questões ecumênicas, na encíclica “ Ut unum sint”, convidava responsáveis eclesiais e teólogos de nossas Igrejas a amplo diálogo com o objetivo de “ encontrar uma forma de exercício do primado que, mesmo sem renunciar de modo algum ao essencial de sua missão, se abra a uma situação nova”.
Bendito seja o Papa Bento, Bispo emérito de Roma, por sua atitude profética! Que, em seu amor profundo à Igreja, à humanidade toda, reze de maneira especial por nós, conservando-nos em seu coração, pois em nossos corações, ele tem permanente morada e imensa gratidão!

Dom Angélico Sândalo Bernardino
Bispo emérito de Blumenau (SC).