segunda-feira, 25 de junho de 2012

DESCOMPASSO PERIGOSO NAS DEMOCRACIAS LATINOAMERICANAS


Na história do processo democrático latinoamericano encontra-se um dado comum e preocupante. Vários países exibem, ao mesmo tempo, um (a) Presidente popular e progressista ao lado de um Parlamento conservador ou retrógrado. Na raiz dessa constante poderíamos encontrar uma explicação no que Maria Isaura Pereira de Queiróz e José de Souza Martins chamam de “messianismo político”. Este muda de grau e de tonalidade, mas em seu conteúdo e forma, repete-se ao longo da trajetória acidentada do continente.
          Isso quer dizer que as eleições com frequência revelam uma espécie de esquizofrenia: enquanto a população em geral tende a eleger um “salvador da pátria” na pessoa do mandatário máximo, as oligarquias costuram alianças para formar senadores e deputados que deverão defender seus interesses e/ou privilégios. Em alguns casos a dicotomia é flagrante. Na emoção e expectativa da mudança, o povo concentra sua esperança e suas energias sobre a figura do líder, ao passo que as classes dominantes, calculada e matematicamente, preparam, em surdina ou ao à luz do dia, uma maioria decisiva e decisória.

Semelhante descompasso resulta na cristalização ou congelamento do status quo, em detrimento de um programa de mudanças urgentes e necessárias. A expectativa levantada com a eleição de um “messias” costuma ser infinitamente superior à capacidade de organização dos que o levaram ao poder. A capacidade real de tomar decisões por parte do poder Executivo debate-se com as forças contrárias dos outros dois poderes: Legislativo e Judiciário. O resultado são os constantes entraves, impasses e constrangimentos no interior do exercício democrático, além da prática do “toma lá dá cá” e do tráfico de influências. Evidente que neste clima há terreno fértil para a corrupção e o balcão de negócios.

Não poucas vezes o processo eleitoral expõe de maneira nua e crua essa dicotomia. Por um lado, as pesquisas da mídia e o trabalho do marketing convergem câmeras, holofotes e microfones para a eleição dos cargos majoritários (Prefeito, Governador e Presidente); por outro, nos bastidores ocultos das luzes e cores do cenário político, crescem as candidaturas dos cargos legislativos (vereadores, deputados e senadores). Não se trata apenas de descompasso, mas de um conflito que reflete e traduz um jogo de interesses da própria sociedade. A população centra o olhar no trono mais elevado, mas os representantes dos setores que detêm a riqueza e o poder o centram nas cadeiras da Câmera e do Senado. Sabem que estas, em última instância, é que elaboram as leis. Resta ao soberano, no exercício do mandato, o apelo às Medidas Provisórias, o que contrasta com o a prática genuína da democracia.

Em síntese, o “messias” encarna o governo, mas os parlamentares e juízes dominam as forças do Estado. Este não é um tigre, com suas acrobacias rápidas e flexíveis, e sim um elefante pesado, cuja burocracia requer muito tempo para completar um passo à frente. O Estado tende mais à inércia do que ao movimento. Disso resulta a decepção com presidentes que, supostamente, foram eleitos para efetuarem mudanças rápidas, as quais, de resto, fazem parte do cardápio de suas promessas. Numa palavra, não é o “messias” que põe a história em marcha, nem o paquiderme dos três poderes da união. Como a flor, a espiga e o edifício, as mudanças históricas se levantam do chão.

Talvez isso ajude a entender a trajetória de Lula, de Lugo e de Cristina, respectivamente no Brasil, Paraguai e Argentina. Mas não só!

Pe. Alfredo J. Gonçalces, CS

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Regional Sul I tem novo coordenador da CF


          Em reunião extraordinária da equipe da Campanha da Fraternidade do Regional Sul 1, realizada na manhã desta quarta-feira, 20 de junho, o padre Antonio Carlos Frizzo foi apresentado como o novo coordenador da CF. A apresentação foi feita pelo bispo responsável da CF do estado de São Paulo, dom Fernando Legal.

          Com a saída do padre Cícero Soares da Silva Neto, o coordenador vai dar continuidade aos trabalhos da CF no estado de São Paulo, somando esforços com o secretário executivo da CF, Antonio Evangelista.

          Pe. Frizzo, 55 anos é do clero da Diocese de Guarulhos. Ele trabalhou no Regional Sul 1 da CNBB, em São Paulo, durante quatro anos (1992 – 1996), onde foi secretário executivo.

          É professor, com doutorado em Teologia Bíblica, pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro - (PUC-Rio). Atualmente forma o corpo docente na Faculdade Dehoniana de Taubaté, SP e no Instituto de Teologia e Filosofia Santa Teresinha (Itefist) em São José dos Campos, SP.

         O padre Frizzo dividirá a organização e planejamento da Campanha da Fraternidade do Regional Sul 1, com o bispo emérito de São Miguel Paulista e de referência da CF, dom Fernando Legal e com mais oito representantes das respectivas sub-regiões (Aparecida, Botucatu, Campinas, Ribeirão Preto I e II; São Paulo I e II e Sorocaba

Desafios
Segundo o novo coordenador, os principais desafios, a partir de agora, são: dar continuidade ao trabalho que já vinha sendo feito, preparar o encontro regional de formação da CF, em outubro próximo e tornar o tema da CF-2013 “Fraternidade e Juventude” conhecido.

sexta-feira, 15 de junho de 2012

Sociedade pede urgência em todas as ações que envolvam direitos dos povos indígenas

Carta a Dilma e aos presidentes do STF, do Senado e da Câmara conclama os três poderes a priorizar as questões dos povos indígenas e repudia a PEC 215.
São Paulo, 13 de junho de 2012 - Manifesto assinado por nomes de peso no cenário nacional e internacional e várias instituições e associações indígenas pedem políticas públicas para os povos indígenas, efetividade nas demarcações de suas terras, julgamento urgente das causas indígenas e rejeição à PEC 215.
          O documento marca o lançamento da campanha â Eu apoio a causa indígena, que já recebeu a adesão de personalidades como Antonio Candido, Marilena Chauí, Noam Chomsky, Boaventura de Souza Santos, Eduardo Galeano, Dalmo Dallari, Fabio K. Comparato, Zé Celso, Letícia Sabatela, Wagner Moura, Frei Beto, entre outros.
           A Campanha será lançada pela Associação Juízes para a Democracia (AJD) e pelo Conselho Indigenista Missionário (CIMI), hoje, dia 13 de junho, às 10h00, na sede da CNBB, em Brasília e a carta será entregue à presidente da República, Dilma Rousseff, ao presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Carlos Ayres Brito, e aos presidentes do Senado e da Câmara de Deputados, que receberão semanalmente as assinaturas colhidas.
           Ao denunciar o quadro de violência e espoliação dos povos indígenas, o texto aponta diversos descasos do poder público: As terras não são demarcadas com a presteza fincada na Constituição Federal; obras públicas são realizadas sem qualquer diálogo com as comunidades afetadas, descumprindo a necessidade de consulta e participação; órgãos oficiais permanecem vulneráveis às pressões dos poderes econômicos e políticos locais e/ou com estrutura precária.
          A falta de delimitação e demarcação dos territórios tradicionais, diz a carta, aguça os conflitos que se retroalimentam da inoperância do Poder Judiciário. Por isso, do STF, cobra-se o cumprimento das normas: A garantia de duração razoável do processo, direito humano previsto no artigo 5º, inciso LXXVIII, da CF, no tema das demarcações, é reforçada pelo marco temporal fixado para a União. Estas normas estão a exigir que o Poder Judiciário dê prioridade a estes processos. Clamamos ao STF que faça cessar o sofrimento do povo indígena. Somente desta forma haverá paz e será construída nova etapa da história brasileira, no qual a primazia da dignidade humana estará presente em sua integralidade, sob a luz da alteridade estabelecida na CF.
         Os signatários da carta, que está disponível na internet e aberta para adesões, conclamam aos integrantes do Congresso Nacional para que cumpram a missão constitucional sobre o primado da submissão às cláusulas pétreas, razão pela qual rejeitam a PEC 215, projeto que consideram um atentado contra o protagonismo dos povos indígenas no processo constituinte brasileiro. A imperativo que o Congresso Nacional resguarde o direito de consulta prévia que os povos indígenas têm em relação a todas as propostas legislativas suscetíveis de afetá-los, diz a carta.
No site oficial da campanha, veja a íntegra da carta, a relação de signatários e acesse o sistema para adesões online. www.causaindigena.org

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Sustentabilidade pode ser cruel


O estudo "Os limites do crescimento” publicado, em 1972, pelo Clube de Roma foi um dos primeiros, se não o primeiro, estudo científico que impactou o mundo com a previsão da incompatibilidade entre a continuidade do crescimento econômico e da população e os limites dos recursos naturais. Hoje diríamos a insustentabilidade da nossa civilização diante dos limites do meio ambiente.

Isso significa que, por milhares de anos, a espécie humana teve um modo de vida que era sustentável. Isto é, o seu modo de vida não colocava em risco a sobrevivência do sistema social e da espécie humana. Isso basicamente por dois motivos: a) modo de produção com baixo impacto sobre meio ambiente; b) população humana relativamente baixa em relação aos recursos naturais. O aumento significativo da população mundial e do nível de produção e consumo no século XX e XXI alterou essa equação e agora enfrentamos sérios problemas ambientais e até mesmo da sustentabilidade da civilização na qual vivemos.

Alguns dizem que estamos diante da possibilidade do fim da espécie humana. Eu penso que, exceto por uma catástrofe de guerra nuclear, nós, os seres humanos, não temos capacidade de acabar com a espécie humana por nossas próprias ações cotidianas. Seria até muita pretensão da nossa parte pensar que temos todo esse poder! É claro que se nada de significativo for feito, enfrentaremos sérios problemas ambientais que gerarão graves problemas econômicos e sociais. Porém, se após uma profunda crise –incluindo aqui guerras por causa da água e outros bens naturais essenciais– a população mundial cair para, digamos, 500 milhões de pessoas (o que significaria a morte de 6,5 bilhões), não haverá mais problema de sustentabilidade. O número de sobreviventes será pequeno em relação à capacidade de natureza se refazer e de fornecer recursos renováveis.

A morte de toda essa gente seria, sem dúvida, algo terrível, e os pobres e os mais fracos seriam os primeiros a morrerem. Seria completamente inaceitável e injusto! Contudo, a sustentabilidade seria reestabelecida novamente. Assim como, a espécie humana viveu modos de vida ambientalmente sustentáveis por milhares de anos, apesar de eticamente injustas por causa de escravidão, servidão, exploração, patriarcalismo, etc.

Com tudo isso, o que quero apontar é que sustentabilidade é um conceito ligado ao funcionamento de sistemas (sociais ou não) dentro do seu meio ambiente: sistemas não sustentáveis não sobrevivem no tempo a não ser que reencontre um novo ponto de sustentabilidade. Não é um conceito do campo da ética, não serve de critério para julgar a justiça ou injustiça de sistemas sociais. Sustentabilidade é condição de possibilidade da existência de um sistema; discernimentos ético e teológico exigem critérios que vão além disso.

Nesses dias em que a mídia vai nos inundar com a discussão sobre a sustentabilidade, precisamos ficar atentos para não sermos cooptados pelo novo discurso dominante de sustentabilidade que, no fundo, procura manter a sustentabilidade do sistema capitalista. O Capitalismo pode manter-se sustentável sem deixar de ser injusto, sem deixar de ser insensível para com os pobres e excluídos. Em termos de cálculo puramente econométrico, a morte dos pobres até melhoraria o índice de sustentabilidade porque diminuiria a população e, consequentemente, o seu impacto sobre o meio ambiente.

A luta por sustentabilidade é necessária, mas por si só não é suficiente para construir um mundo mais justo e humano.



Jung Mo Sung

Diretor da Faculdade de Humanidades e Direito da Univ. Metodista de S. Paulo. 12.06.12

domingo, 10 de junho de 2012


Os Enawenê denunciaram a preocupante e humilhante diminuição dos peixes em função da construção de dezenas de pequenas hidrelétricas no curso do rio Juruena. Além disso, por ocasião da definição dos limites do território desse povo, o governo deixou de fora um dos mais importantes rios, o Rio Preto. Por que até hoje não se reviu essa grave violação aos direitos dos Enawenê? Já se passaram 20 anos do bárbaro assassinato de Vicente Cañas Costa, missionário que vivia com os indígenas no estado de Mato Grosso. Com sinal de perfurações e afundamento craniano, O crime ocorreu porque Cañas apoiava a demarcação da terra Enawenê-Nawê e trabalhava pela saúde deste povo. Um julgamento de três dos acusados de participação no assassinato acabou acontecendo em Cuiabá, sem condenação dos acusados. (CIMI)

quinta-feira, 7 de junho de 2012

Em Brasília, mais de mil manifestantes dizem NÃO à aprovação do PL do Ato Médico.



Mais de mil manifestantes, entre estudantes, profissionais e usuários de serviços de saúde participaram, em 30 de maio, em Brasília, da Mobilização Nacional contra o Ato Médico, pela não aprovação do PLS nº 268/2002, conhecido como PL do Ato Médico. A Mobilização foi organizada pela Frente dos Conselhos Profissionais da Área da Saúde (FCPAS), integrada pelos Conselhos Federais de Psicologia, Fisioterapia e Terapia Ocupacional, Biomedicina, Biologia, Enfermagem, Farmácia, Fonoaudiologia, Óptica e Optometria e Assistência Social.



sexta-feira, 1 de junho de 2012

Prezado (a),

Assim que possível, acesse o link http://www.youtube.com/watch?v=IO3W86-gdkE e assista a um documentário realizado em 2001, pela TV PUC em parceria com a TV Cultura de São Paulo, por ocasião dos 80 anos do Arcebispo Emérito de São Paulo, Dom Paulo Evaristo Arns.

Aos que conhecem a história, vale a pena relembrar. Aos que ouviram pouco sobre o assunto, vale conhecer a vida de um homem que ao conhecer verdadeiramente o Evangelho de Jesus, percorreu o seu caminho e testemunhou os seus ensinamentos.

A exemplo daqueles 11 (onze) discípulos acovardados pelo medo de enfrentar os poderosos romanos, e em Pentecostes, saem pelo mundo pregando a boa nova, sem temer pelo que poderia acontecer. D. Paulo se investe do mesmo espírito, e no momento mais difícil porque passou o povo brasileiro, enfrenta os poderosos, na luta pela justiça e pela paz.

Não deixe de ver o vídeo! Você vai se emocionar!