sexta-feira, 13 de abril de 2007

Discurso de Posse





Posse em 20 de março de 2007

Antonio Socorro Evangelista

"Senhor presidente, nobres pares, querido povo de Deus, me dirijo a todos e todas para solidificar o meu compromisso, não somente como homem público, mas acima de tudo como um cidadão, que acredita na esperança inerente à vida humana.

Para mim, a esperança não é só uma virtude, é um sentimento carregado de significados que vão muito além dos que estão definidos nos dicionários.
Quem tem esperança, espera, pois, crê. Portanto, ter esperança é também um ato de fé. Ela é uma palavra desprendida, solidária, amiga.

Não quer só para si. Espera também pelo próximo, como se velasse os sonhos alheios. É uma palavra com sentimento coletivo.

Diante de muitos momentos de Dor, aonde é possível observar que a vida humana significa muito pouco, tão pouco que pode ser arrastada, exibindo a dor de uma inocente criança, e de uma mãe que fica a chorar e aí então, nestas ocasiões, aproveitando o clima de comoção e o clamor da sociedade, aparecem soluções messiânicas.

Propostas como a pena de morte e a redução da maioridade penal são as mais citadas. Porém corre-se o risco, mais uma vez, de se atacar o efeito sem cuidar da causa.

Chego a acreditar, pois sinto que querem de alguma maneira, nos fazer crer que a esperança já não existe. Pregam a desesperança coletiva, não serei mais um entre os desesperançados.

Nego-me a perdê-la e me apego a ela como sendo a condição necessária para continuar neste caminho que se faz caminhado, até porque sem ela, o que direi aos meus filhos e a tantos outros filhos desta cidade? Que não tenham esperança em dias melhores?

Que não vale à pena viver? Que o mundo é assim mesmo, frio, egoísta e injusto e que não há nada de bom no ser humano? Não! Nego-me a perder a esperança. Ainda que seja apenas um tênue fio, vou me segurando a ele... Insistentemente...

Conheci a política pelos caminhos da Teologia da Libertação, onde o céu almejado pela humanidade, não deve ser pensado como realidade pos morte. Este céu que fora pensado
pela teologia clássica como realidade distante que se manifestaria no porvir, encarna-se no “agora”, através da práxis do povo em prol da dignidade humana: assim sendo, cada conquista popular, no que tange a uma relação mais justa entre os homens e mulheres, presentifica o céu no seio da humanidade.

Logo o Deus chamado de “Pai – Nosso”; propõem que homens e mulheres devem se relacionar como irmãos e irmãs, sem haver exclusão, sem haver opressão ou sem qualquer tipo de violação da dignidade humana.

Lutar pela libertação é valorizar a paternidade universal de Deus, que se manifesta nas relações justas e fraternas entre todos os seres humanos. Portanto a forma de fazer política a mim compreendida, talvez para muitos seja simplista, utópica, mas a mim, essa é uma árdua tarefa de falar sobre Deus a partir da ótica de um processo excludente e a partir da realidade concreta dos excluídos. E esta realidade exige um duplo olhar: olhar para Deus e olhar para o excluído.

Venho afirmar que o meu mandado quer fortalecer os movimentos sociais e contribuir para com a identidade de nosso povo, permeia-me um desejo sólido de olharmos para a educação, a saúde e às questões sociais com uma visão que deve ir para além do que os nossos olhos possam ver, e como nos afirma Paulo Freire,

“A cabeça pensa onde os pés pisam. Ainda que se adquira “consciência” dos problemas sociais e desafios políticos, o risco de idealismo é superado na medida em que o militante, a militante mantém vínculos orgânicos com os movimentos sociais. Sem prática social não há teoria que transforme a realidade”.

Usando então dos ensinamentos de Paulo Freire. Permite-me afirmar que não é somente a educação responsável pela transformação e desenvolvimento de nossa sociedade. Enquanto as nossas crianças irem para a escola na busca de um prato de comida. Enquanto uma criança não tiver uma camiseta ou um tênis para ir à escola. Não existe evolução de processo, nem se faz educação e muito menos teremos o desenvolvimento da pessoa humano.

Temos ainda outro desafio em nossa cidade. Temos mais de 200 mil Hortolandenses que sofrem com a falta de saneamento básico, quando não, a falta de água. Portanto, não conquistaremos cidadania plena, se não tivermos a coragem de juntos lutarmos por distribuição de renda. Jamais chegaremos à “terra prometida” sem exercitar a experiência da partilha.

Por fim, caro prefeito, senhores secretários, representantes religiosos, população, nobres pares. Tenho certeza que muito vamos dialogar ou discutir no campo das idéias, porém jamais busquei intensificar outros valores que não fossem aqueles que aprendi, pois a minha existência esta pautada nos valores da família, na
ética, na solidariedade, na partilha, valores esses que me condiciona que o meu limite é o outro.

Quero aqui me colocar, não apenas como limite, mas sim como extensão de todos e todas, para juntos avançamos a essa terra de oportunidade e de gente de valor.

Oportunidade essa construída rumo ao ProUni, Bolsa Família, Educação para Jovem e Adulto, Moradia, Asfalto, que mesmo assim eu diria a vocês, está longe de ser o ideal, mas o suficiente para acreditarmos que estamos avançando no caminho... Pois acredito que o caminho se faz caminhando.

Muito obrigado".

Toninho Evangelista
Vereador - PT

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