quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

CONSCIÊNCIA NEGRA

Seu sangue não foi em vão!
TONINHO EVANGELISTA
O dia da Consciência Negra, celebrado no Brasil no dia 20 de novembro, é dedicado à reflexão sobre a inserção do negro e negra na sociedade brasileira. A data escolhida coincide com o dia da morte de Zumbi dos Palmares, em 1695, e lembra a resistência do negro e negra à escravidão e a luta contra o racismo que vem sendo travada desde a abolição da escravatura, em 1888.
Embora aparente e seja dito muitas vezes que no Brasil não existe racismo, pelo menos nos moldes em que vemos em outros países, como na África do Sul e com a questão do apartheid, o preconceito e as diferenças entre pessoas brancas e negras no Brasil são perceptíveis e não podem passar despercebidas aos olhos da sociedade.
Apesar da população do Brasil ser formada em grande parte por negros, negras e afro-descendentes - de acordo com dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a população corresponde a um número próximo da metade - a diferença social e econômica entre pessoas negras e brancas não acompanha os mesmos números. Segundo o mesmo IBGE, entre a população jovem, com até 24 anos, 57,2% das pessoas brancas haviam atingido o ensino superior, contra apenas 18,4% das pessoas negras. O rendimento médio da população branca no Brasil é de R$ 812, já o da população negra é de R$ 409. Entre a parcela de 1% dos mais ricos do País, 86% são brancos.
O silêncio sobre o racismo, o preconceito e as discriminações raciais nas diversas instituições sociais contribui para que diferenças entre as pessoas negras e brancas sejam entendidas e encaradas como diferenças naturais. Nesse sentido, a construção e desenvolvimento de políticas públicas que busque de fato a igualdade racial e a diminuição desse abismo social existentes é de fundamental importância.
Algumas iniciativas já estão sendo tomadas para essa construção. Com o objetivo de reconhecer o papel dos negros e negras na construção da história do Brasil, o governo Lula, ainda no primeiro mandato, institui a lei 10.639, que torna obrigatório o ensino sobre a história e a cultura afro-brasileira em todas as escolas, públicas ou particulares, de ensino fundamental e médio em todo o Brasil.
Na cidade de Hortolândia, temos a lei 958, de autoria do vereador José Geraldo, que instituiu o dia 20 de novembro como Dia Municipal da Consciência Negra e feriado municipal, momento importante para comemorar, celebrar e debater este tema com os diversos setores da sociedade, que muitas vezes não se atentam a este problema social.
Outra iniciativa educativa vem por parte do vereador Paulo Pereira, que institui a lei municipal 545: Semana da Consciência Negra, proporcionando diversas iniciativas de cunho educativo como o diploma Zumbi dos Palmares que elege entre as crianças da rede pública de ensino as melhores redações, poesias ou contos referente a temática, motivando as crianças realizem pesquisas e também conversarem sobre este assunto, além da Palmares entregue pela Câmara para moradores e moradoras da cidade que contribuem para o combate ao racismo nos diversos seguimentos de nossa sociedade.
Ações como estas valorizam a luta pela igualdade, que precisa ser contínua, haja vista que trata-se de um processo em construção. Devemos sempre nos espelhar em Zumbi, que deixa para todos nós, brasileiros e brasileiras, um exemplo de coragem e determinação. Seu sangue não foi em vão!
O artigo foi publicado pelo Jornal TodoDia e pelo Jornal Página Popular, nesta quarta (05/12)

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