quinta-feira, 19 de junho de 2008

Artigo

CAIO AUGUSTO DE ANDRADE,
31 Padre Hortolândia

Em outubro de 2008, vão acontecer em todo Brasil eleições para prefeitos e vereadores. Dessa forma, queremos apontar alguns critérios bíblicos a partir dos quais os cristãos católicos e outros cidadãos com consciência possam prudentemente escolher seus candidatos e não anular o seu voto. No período das eleições, virão às nossas igrejas candidatos muito bem aparentados, demonstrando santidade e temor a Deus. Tomemos cuidado! Muitos são falsos profetas: eles vêm vestidos com peles de ovelha, mas por dentro são lobos ferozes (cf. Mt 1,15). Fazem discursos bonitos de mudança de vida e de conversão e chamam Jesus, dizendo: Senhor, Senhor. Mas é tudo aparência. O lobo pode trocar de pele, mas não pode mudar a sua natureza.

Os eleitores não podem deixar-se enganar pelas aparências ou pelos discursos eloqüentes. Eles têm que olhar mais além. Devem ter senso crítico e ver os frutos dos candidatos. Pelos frutos conheceremos a árvore (cf. Lc 6,44). Ver os frutos do candidato é ver sua trajetória política, percebendo se ela esteve voltada aos interesses da coletividade, se esteve ligada às necessidades reais da população e se houve transparência na sua gestão. É importante ver nos candidatos quem são eles, sua origem política, o que já realizaram em prol da população, qual é a sua história, quais são suas propostas, se estão vinculadas ao programa de um partido, ou se estão atreladas apenas a grupos de interesses financeiros.

O Salmo 72 (71) descreve o governante ideal: ele livra o pobre que pede auxílio, o oprimido que não tem protetor; tem piedade do pobre e desvalido e salva a vida do pobre (cf. Sl 72,12-13). O verdadeiro governante cristão segue o projeto de Jesus: “Eu vim para que todos tenham vida e a tenham em abundância” (Jo 10,10). Então, este é o primeiro e mais importante dos critérios para votar em um candidato: sua posição em relação à defesa da dignidade da pessoa humana e da vida, em todas as suas manifestações, desde a sua concepção até o seu fim natural com a morte.

Nos livros de Samuel, o modelo de governante é o rei Davi. Ele é submisso a Deus e não mata o seu inimigo Saul, o ungido por Deus (cf. 1Sm 26,9-10). Aceita a correção do profeta Natã quando ele peca (cf. 2Sm 12,1-15). A partir desse modelo de governante, podemos ter os critérios indicadores de verdadeiras motivações dos candidatos (mesmo quando eles se consideram ateus): a honestidade e a competência demonstradas pelos serviços prestados com transparência administrativa e financeira.

Assim, colocamos os seguintes critérios para a escolha dos candidatos: respeito ao pluralismo cultural e religioso; comportamento ético dos candidatos; e defesa da vida, da família e da liberdade de iniciativa no campo da educação, da saúde e da ação social, em parceria com as organizações comunitárias. Consideramos qualidades imprescindíveis para os candidatos a honestidade, competência, transparência, vontade de servir ao bem comum, comprovada por seu histórico de vida. Para tanto, reafirmamos o Documento de Aparecida ao “apoiar a participação da sociedade civil para reorientação e conseqüente reabilitação ética da política” (n. 406).


Artigo Publicado pelo Jornal TodoDia 16/06/2008

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